quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sem ação, só sentimento.

Pedro era esforçado. Não porque precisava, mas por vontade própria. Também era inteligente e dedicado, feliz por ser quem era e por todos que o rodeavam. Não hesitava em sempre ajudar a senhora do sexto andar com as compras, principalmente depois que seu marido de 89 anos partiu para o outro lado da vida. Chegou até a fazer uma festa surpresa para ela, com direito a sessenta e sete velas - sim, colocou uma por uma. Também gostava de aproveitar os finais de semana, que não precisava estudar ou trabalhar, para ir ao parque e quando podia levava junto a Amelinha, uma linda cooker do terceiro andar. Levava inclusive todos os brinquedos favoritos da cadela.

Era o filho mais novo de Joana, com vinte e sete anos e o único que ainda morava com ela no apartamento sem elevador da Vila do Canto. Pedro era um morador conhecido naquelas bandas, seu sorriso e carisma conquistavam a todos. Quase todos. Para Pedro não era a todos, já que Paulinha tinha prazer em não dar "bom dia" ou fingir que ele não existia.

Paulinha, menina doce e moleca, mesmo com os vinte e cinco anos que carregava nas costas, não mais deixava transparecer a alegria que a presença de Pedro lhe trazia. Foi assim desde que Pedro decidiu terminar o namoro, pois "eles já não tinham a mesma paixão de antes" e "não era certo ela perder outras oportunidades". Ela continuava a sentir a mesma coisa por ele, mas o orgulho falou mais alto e ela se fechou.

Os encontros na porta da vila ou os esbarrões na escada de nada adiantavam para Paulinha perceber que Pedro só queria o seu bem. Perceber também que ele se arrependeu no primeiro segundo em que despejou todas aquelas palavras, e aos poucos foi cortando, despedaçando e pisoteando cada parte do coração da garota.

Hoje era dia de folga de Pedro e Sem nenhum dos dois saber, também era de Paulinha. Os dois se encontraram na padaria, mesmo com a troca de olhares a doce menina resistiu e não sorriu ao vê-lo. Também se encontraram na escada, quando ele voltava de uma caminhada no parque e ela voltava da vendinha do bairro. Foi o momento esperado pelos dois após um ano separados.

Não precisou que palavra alguma fosse dita ou gesto algum fosse feito, se olharam por bons minutos e sabiam o que o futuro reservava. Mas ainda assim resistiram contra o sentimento forte que ali estava. Hoje em dia Paulinha dá bom dia a ele todas as segundas e deixa que ele ajude com as compras às sextas. Continuam sem trocar uma palavra ou gesto.

4 comentários:

Anônimo disse...

Moral da historia ?? rs

Alex trankera disse...

"Continuam sem trocar uma palavra ou gesto...

Sem ação...Só sentimento..."

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

meu deus que triste.....;(

bjs bjs
na